Um Poeta
/Tradução de Hugo Pinto Santos
Olhos atentos, assombrosa vigia,
Ou mentes perscrutadoras, negligencia,
Nem éditos prementes pra sorver e cear,
Nem róseo vinho em torno do qual jurar.
E não lhe interessa o elogio clamoroso,
Mercê do grande, do opulento, ou do formoso,
Nem subtis peregrinos de longe lugar,
Sedentos de saber a raiz do seu cismar.
Cedo ou tarde, porém, quando nos ocorreu
Que ele se descobriu do rugoso chapéu,
À tardinha, ao primeiro luzir estelar,
Abeirado da tumba, numa pausa, a expressar:
«Fosse qual fosse o sentido – triste ou ridente –,
Duas mulheres o enleiam, de espírito luzente»;
Queda-se e diz: se o dia exalar o seu estertor,
Ainda há-de ser suficiente esse louvor.
Thomas Hardy, The Complete Poems, Macmillan, 1982
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