«talvez a eternidade seja isto:»

talvez a eternidade seja isto:
regressar sempre aos mesmos lugares
um até amanhã que é sempre um regresso.

há um último copo sobre o balcão
que espera o saciamento do estômago – sem deus nem ideologia -
já adormecido.

o corpo, como sinal de abandono, adormece
dentro do último copo:
     náufrago de si mesmo.

talvez a verdade embriagada seja mais verdadeira:
     mas é a inércia do mundo
     que não permite reencontrar a ascese ateia
     dos vestígios do sangue.

no jardim continua uma fonte dentro de uma estátua.