7 poemas de SAL ~ SOL ; SOLO

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PRELÚDIO

 

Esmalte vermelho
Um pouco acinzentado

Cinza sobre a mesa pequena
Na varanda, conchas
Cheias da cinza, lembremo-nos,
Humano, este és tu também
Matéria leve, cinzas voando
Carregadas pelo vento
Que sobe
Pelo rio

Estou a sentir-me
Como na borda de um navio
Eu, inclinada sobre
A delicada estrutura de ferro

Olá liberdade!
Olá pássaros!
Olá perigo!


As bocas vermelhas
Dos meus dedos
Feitos pelo Deus-ferreiro
Dedos selados,
Cumprimentando com cortesia
Enquanto incluem
Penugens cinzentas, incenso
Contam-me sobre o calor
De fogo, vulcões. Olá,

Liberdade! Olá, phoenix!
Olá, vida!


RE:FLEXÃO

 

Eu peço-te
Que me vires

Como o vento dobra
As ondas, peço-te

Que me consertes
Para ter a força, concentrada
Para não estar espalhada por aí

Somente abstraída da fonte

Das minhas confusões
Pois eu não sou (do) mar
Mas nele me reconheço
Como seja um espelho


 

Se eu apertar
Um nó
Na minha tristeza
Pode ele lembrar-se
Lembrar-me
Da minha felicidade


NA BOCA

 

A eternidade
Na boca
Uma língua
Cheia de palavras
Cheia de silêncio
Sem fim
As palavras
Na boca
A eternidade
Elas lapidam
A obscuridade
Dentro dos lábios
Lapidam-na
Clara como uma
Pedra preciosa
Transformam-na
Numa ponta aguda
Será a caneta que
Eu vou usar para
Escrever sobre estas,
Aquelas coisas que
Ainda não sei


CAMINHO

 

Caminho
Eu estou a caminhar
Não caminho
Nas ruas, nos campos
Estou a caminhar num
Mundo sem corpo
Tudo é som, tudo é sonho
Eu sou um corpo, tenho-o
Tenho um que os meus
Pensamentos podem usar
Para caminhar e
Por isso eu caminho
Eu estou a caminhar
Bastante
Aqui, lá


TRAÇO
 

Em cima das tuas bochechas
Em baixo dos teus olhos castanhos
À esquerda, à direita
A pele ondea-se, tímida
Que rugas delicadinhas
Como se se sentassem lá
Borboletas, voadas, já


PASSAR (O TEMPO)
 

Para aterrar
Ele escreveu
Eu precisaria
De ver o destino
Ainda mais claramente

Apesar de tudo
Ainda estamos novos
Eu respondi

Os contornos
Esclarecerão
Quando os olhos
Desvanecerão, perderão
A linha


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