Quatro poemas
/um título que não chega ao coração
a coisa dita noutra pose
uma arma que serve a outros propósitos
a mala descarrilhada da viagem
a gente diz
perder a cabeça
como se fosse
água-viva
como se não
as letras do título
espalhadas no saguão do sanatorinho
veja bem é o título
veja bem
como é desnecessária a bula para perder a cabeça em
pleno safári íntimo
§§§
senti uma pausa
na configuração do nome da flor
entre os teus dentes
sinto que isso revela
e que não importa o mistério revelado
importa o tiro no éter importa a pausa
a conotação do espinho o espanto suave
importa sentir a pausa
importa atravessar a mata proposta entre tuas orelhas
importa me debruçar na rocha final sem me fazer percebida
pela revelação
§§§
foi para o interior ver
como se some pelo interior
começaria pelo estrangeiro
e foi e viu vultos avariados pelo interior
§§§
sobe a anágua
o trovão quebra o vento
mentira
o vento e o trovão quebram a duração
o trigo traduz o movimento errado com o propósito ingênuo
mentira
dentro do pão a forma da boca que não tem língua
mentira
num trovão todos os coices da égua da noite
mentira
mentira tudo mentira
sai a duração o trovão
fica um coice
a língua
equilibra o vento
nunca o trigo jamais a tradução
mais mentira e volta o trovão
cai a luva