Dois poemas de Cecília Donateli

Te regalaré un abismo, dijo ella
Roberto Bolaño
 

Em uma falha do psicossoma
eu te conheço dez anos antes
Teus olhos apesar de ainda serem
os teus olhos têm a veemência
dos espadachins
Secretamente eu os quero assim
sonoros para sempre  

DASEIN
 
Uma memória nasce porosa
na confusão da carne. Como se dissesse
esses são os teus novos fios
de Ariadne – enquanto trança com dedos
ardis uma & outra cartilagem
à soldadura. Cada nó é parte de ti, 
à parte de ti e sobrevive-te. 

Uma memória
é uma longa
carícia – 

por detrás do frame
ninguém viu
mas era um tigre faminto
que te movia.