Roletenburgo

Amanhã mesmo – oh, se fosse possível partir amanhã mesmo! Renascer, ressuscitar.
Dostoievski, O Jogador

as fontes pulsam
como se tivesses levado
uma pancada na cabeça
e um zumbido anuncia
um novo estado
de hiper-realidade
regressas a um mundo árido
óbvio
vês
três jogadas à frente
sordidez e vergonha
ainda assim
persistes
em anotar os números
fazer os cálculos
convertendo
em livro-razão do teu vício
o caderninho
onde anos antes
à margem dos detritos
da mais grandiosa
guerra intergaláctica
sonhaste que um dia
um pequeno coração
poderia cantar