SALAI DANÇANDO PELAS RUAS DE FLORENÇA e outros poemas
/SALAI DANÇANDO PELAS RUAS DE FLORENÇA
“Vira a tua atenção para os vários objetos , olha
agora para isto e agora para aquilo e reúne uma
coleção de factos diversos selecionados e escolhidos
entre aqueles de menor valor” – Leonardo da Vinci
“Hey now, don’t Forget that change will save you”
- R.E.M (Überlin)
a Leonardo da Vinci (500 anos)
Da linha do tempo do seu tronco principal
saem outras mais finas e pequenas
raízes que correm em todas as direções.
Da enorme e elaborada árvore uma entre várias
uma pequena e fina linha quase imperceptível
cai como um pingo de chuva pelo perfil de Salai.
No mar tempestuoso do seu cabelo Leonardo
Separou o silêncio do seu traço e o ardente
Desejo que lhe corroía lentamente a Mente.
Calado sob os sinos da Catedral usava o
Lápis como chicote para o coração e o corpo.
“Compra-me Carvão Ocre Camim Terebentina
e antes que me roubes usa em teu proveito
as moedas que daqui sobrarem. Mas antes
troca-me esta T-shirt suja por aquela amarela.”
Em todas as vielas de Florença ou em todas as
Cidades feitas para os desejos e sonhos impossíveis
Há um jovem que livremente dança para Terpsícore.
Sentado à secretária o velho anota para o espelho
“Hoje em amor libertei mais um pássaro!”
de “O Nardo” (2019) (Brevemente)
COROA
Os dragões da Somália trazem uma coroa
de três bicos sobre a cabeça:
o corpo dissolvido de Basquiat
a minha febre amarela
o teu presente esgar
Na levitação o brilho refaz
a aura e dá ao negro Rei
novo Corpo
A PINTURA SEM TINTA
SEGUIDO DE
UM POEMA SEM SOM
A linha digital imprime o ilusório
rompimento - o raio imortal do inefável
cai sobre a faca de dois gumes que
a trespassa e reativa a presença da luz
- a teimosia da cor persiste.
O poema aqui existe e existe
outro poema entre este poema
e a tua ideia construída de poema.
É no vão que aqui se abriu que uma falena
bate as asas sem que a possas ouvir.