Dois fragmentos de Safo

Safo e Alceu, Lawrence Alma-Tadema, 1881

Tradução de Tatiana Faia
A fixação do texto grego seguida aqui é a de David Campbell
(David Campbell, Greek Lyric, Vol. 1, Loeb Classical Library,
Harvard University Press, Cambridge MA, 1982)

16

Alguns falam de cavalaria, outros falam de infantaria,
alguns asseveram que nada sobre a terra negra é mais
belo do que navios, eu digo que é
o que se ama. 

Todos compreendem isto facilmente.
Aquela que em beleza ultrapassava
todos os mortais, Helena, deixou o marido 

irrepreensível e navegou até Tróia
não se recordou da sua criança
dos pais amados, mas arrastou-a 

<...>

vagamente
recordo-me agora de Anactória
que não está aqui 

mais queria ver o seu passar amável
a luz radiante no seu rosto
do que todos os carros de combate e toda a infantaria
em armas dos Lídios

<...>

impossível de acontecer
suplicar uma parte

<...>

31

 

Parece-me igual aos deuses
esse homem que diante de ti
se senta e de perto escuta o teu
conversar doce

e o teu riso amável,  isso faz
o coração tremer-me no peito
porque quando te vejo, ainda que por um instante, não
me resta qualquer fala, 

não: a língua quebra-se, corre-me
um fogo ténue sob a pele,
com os olhos nada vejo, latejam-me
os ouvidos, 

apodera-se de mim o suor e transpiro, um tremor
toma-me por completo, torno-me mais verde
do que erva, morro ou por pouco assim
me parece. 

Mas tudo deve ser ousado, porque

<...>


16.

ο]ἰ μὲν ἰππήων στρότον οἰ δὲ πέσδων
οἰ δὲ νάων φαῖσ’ἐπ[ὶ] γᾶν μέλαι[ν]αν
ἔ]μμεναι κάλλιστον, ἔγω δὲ κῆν’ ὄτ-
τω τις ἔραται·


πά]γχυ δ’ εὔμαρες σύνετον πόησαι
π]άντι τ[ο]ῦ̣τ’, ἀ γὰρ πόλυ περσκέ̣θ̣ο̣ι̣σ̣α
κ̣άλ̣λο̣ς̣ [ἀνθ]ρώπων Ἐλένα [τὸ]ν ἄνδρα
τ̣ὸν̣ [πανάρ]ι̣στον


κ̣αλλ[ίποι]σ̣’ ἔβα ’ς Τροΐαν πλέοι̣[σα
κωὐδ[ὲ πα]ῖδος οὐδὲ φίλων το[κ]ήων
πάμ[παν] ἐμνάσθη, ἀλλὰ παράγ̣α̣γ̣’ α̣ὔταν
              ]σαν 

              ]αμπτον γὰρ [   
         ]. . . κούφως τ[             ]οησ[.]ν
. .]μ̣ε̣ νῦν Ἀνακτορί[ας ὀ]ν̣έ̣μναι-
σ’ οὐ ] παρεοίσας·

τᾶ]ς κε βολλοίμαν ἔρατόν τε βᾶμα
κἀμάρυχμα λάμπρον ἴδην προσώπω
ἢ τὰ Λύδων ἄρματα κἀν ὄπλοισι 
πεσδομ]άχεντας.

           ].μεν οὐ δύνατον γένεσθαι
     ].ν ἀνθρωπ[. . . π]εδέχην δ’ ἄρασθαι



31.

φάινεταί μοι κῆνος ἴσος θέοισιν
ἔμμεν ὤνερ, ὄττις ἐναντίος τοι
ἰσδάνει καὶ πλάσιον ἆδυ φωνεί-
σας ὐπακούει

καὶ γελαίσας ἰμερόεν τό μ᾽ ἦ μάν
καρδίαν ἐν στήθεσιν ἐπτόησεν·
ὠς γὰρ εἰσίδω βροχέως σε, φώνας
οὐδὲν ἔτ᾽ ἴκει·

ἀλλὰ κάμ μὲν γλῶσσα ἔαγε, λέπτον
δ᾽ αὔτικα χρῷ πῦρ ὐπαδεδρόμηκεν,
ὀππάτεσσι δ᾽ οὐδὲν ὄρημ᾽,ἐπιρρόμ-
βεισι δ᾽ ἄκουαι,

καδ δέ μ᾽ ἴδρως κακχέεται, τρόμος δὲ
παῖσαν ἄγρει, χλωροτέρα δὲ ποίας
ἔμμι, τεθνάκην δ᾽ ὀλίγω ᾽πιδεύης
φαίνομαι […].

ἀλλὰ πᾶν τόλματον …