AJC
/Era das mãos calejadas do enrugado gigante que nasciam as açucaradas cores de laranja, os ácidos amarelos e os mais diversificados tons de saudável verde. Os seus fortes braços, como os longos e mais velhos ramos de uma árvore centenária, transportavam com a ajuda do largo tronco os cestos com recheios de cor para vender. Dizia ele ao rapazinho que as fazia crescer das árvores, e a cada domingo aparecia com as vivas cores no mercado de Foros de Amora. A quem as vendia desejava um bom dia; a mim pedia que as saboreasse. Como criança que era não pude entender o verdadeiro sentido deste enigmático ritual colorido, colhia apenas, abrigado sob a sua copa, o que
generosamente me estendia.