Rosebud; Casa de infância; Corais
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Rosebud
Rosebud em chamas.
Ninguém sabe
nem quereria saber.
Se o mundo nos engolir
havemos de ser indigestos!
Que num gole descemos é certo,
sem compadecimento
pelas pequenas bravatas
que não provocam riso ou piedade.
Rosebud em chamas.
Em chamas
numa casa vazia.
Casa de Infância
Que corações são esses
que comportam cidades inteiras,
suas pessoas, histórias privadas,
heróis,
seus horizontes
e silhuetas ao luar e luz eléctrica?
Que biologia,
que anatomia é essa que tem
num coração tanta coisa?
O meu, sinto-o agora,
não faz senão
lançar sangue e recebê-lo de volta
quando ele já não tem nada
a que chame seu.
Uma casa de infância,
é isto o mais que pode ser.
E para o que é, é bastante.
Corais
Construídos os corais pelas grandes coisas
afundadas
– os futuros, os passados,
as palavras, espaços e pontos
que não acordarão dos seus hexágonos,
os amores, o amor –
construídos os corais, chegam-se os cardumes.
E acomodam-se, e mordiscam
e são lá,
nestas coisas afundadas,
imponentes quando ameaçavam flutuar.