Hugo Milhanas Machado, Onde fingimos dormir como nos campismos

Cá fica a versão digital de Onde fingimos dormir como nos campismos de Hugo Milhanas Machado. Para os interessados em comprar a versão em papel, autografada pelo autor:

9€

Para comprar

Na Fyodor Books
Ou envie-nos a sua encomenda para:
enfermariaseis@gmail.com

A Enfermaria 6 é uma plataforma editorial sem fins lucrativos. Todo o dinheiro resultante da venda dos exemplares será usado para financiar futuras publicações.

Hugo Milhanas Machado, Onde fingimos dormir como nos campismos

Hugo Milhanas Machado
Onde fingimos dormir como nos campismos
poesia

Enfermaria 6, Lisboa, dezembro de 2014, 80 pp.
Capa de João Alves Ferreira

9€

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A Enfermaria 6 é uma plataforma editorial sem fins lucrativos. Todo o dinheiro resultante da venda dos exemplares será usado para financiar futuras publicações.

Uma versão digital deste livro ficará disponível gratuitamente a partir de dia 6 de dezembro

MUITOS A FALAR

Querer-te no peito
uma constelação de barcos
e resolver depressa isto
falar limpo como o brilho

Torna porém a imagem
o corpo rodando lento no
soco luminoso de praia
este bração nos lumes

Rasgo valente mas extenuado
tu vens correndo e escrevia
deste lado a areia é muita
molhando num toque d’osso

Dás numa luz de corpo
resoluta e audaz que às vezes lembra
o encorpar a
bater de megafones marados

Cumprimento os amigos
gosto deles e antipatizo
colaboro
e revolvo dentro nas bizarrices

Amanhar depressa isto
falar tiro limpo
como brilho

Um poema do novo livro de Patrícia Baltazar, «Catapulta»

CARTA DE MAREAR

Não há corpo igual. Não há cheiro nenhum no mundo que colmate o meu vício por ti. Não há tragédia igual. Drama incorruptível.
O tamanho de tudo, encaixe perfeito, a dimensão do conjunto e a distância entre opostos.
O que aporto eu? Flores. Mecanismos para deliciar. Sorrisos repartidos ao pôr-da-lua. Fazer ver a leveza do mundo, afinal. São flores que eu aporto. A minha caneta, o meu lápis, a tua vida no meu caderno-para-sempre. Votos de mar a vida inteira.
Leva-me. Está a ficar escuro. Tenho tudo tão pertinho.
Há uma pornografia íntima nisto nosso. Dá água na boca.
Segura-me. Musa.
Porque a pele.
Porque o rosto e as minhas mãos descendo.
Porque nós.
Não fiques, mas não vás. Avião outra vez. Porque tu.
O meu anel está a arder.
Tudo tão muito e eu a tremer como sempre.
A minha esperança é azul. Propagação. Níveis do Inferno.
Flores de Jacarandá no chão.
Gostava de me decifrar. Perdi o relógio, perdi a caneta, não perdi o anel. Ele arde-me.
Era isso! A faísca. No caos, a faísca. Tu. Não esquecer.
Fazer ver a leveza da tempestade. Até doerem os dedos. Até chorar. Até rir. Até dormir descansada no teu peito azul.
Comer-te.
Orgasmo.
Não esquecer.


Catapulta, o mais recente livro de Patrícia Baltazar e da do lado esquerdo será apresentado no dia 27 de Setembro, pelas 18.00 no bar A Barraca, em Lisboa. A apresentação fica a cargo de Miguel Martins. Fica a sugestão.