do ano da graça dos nossos senhores


o que não rebela no chão é homem que cai connosco, e o calor aumenta na forca que é não respirar aqui, porque ainda há a saliva azeda na fala sem pés, e o bafo da mesma grandeza. queremos pão, por ainda sentirmos pele, queremos esticar bem a vontade e notar o arco de uma montanha brava, o registro de uma manhã desafogada, mas a vergonha perde-se de alfinetes nas lágrimas, no cruento que nos diz ruinas do que se deve esquecer, 

as tempestades não quebram a surdina de uma inexistência absurda e vivem vendavais quietos, insectos sobrevoam o odor de quem mendiga o direito, com subterfúgios numa mente extinta e bocejo consentido. 

a santa vai magra, ao norte faminta de voz, ao sul distanciada pelo eco da pedra no berço do povo, os céus bordam os visionários e as calçadas pisam-nos, não há toque que não cheire a lamento e que não mereça piedade, a crença tem buracos intermináveis por pobreza extrema, tem cerco de explosão pronta para a aridez da mesa. continuem feras aos finados, saiam gritos ao silêncio, ainda assim as feras deixarão de ser feras e passarão a ansiosa maceração.

 um dia as mais pequenas montanhas cobrirão de conhecimento os delineamentos de mãos dadas, viajarão de respeito grande, será questão de um olhar relâmpago e dizer:
 
nós, descentrados, nós

de abraço de noite no mundo, dentro dos sinos, das badaladas, das religiões,

nós