Texto para o menino que por vezes me visita, quando se cansa de meninas, e que doravante chamarei de Maximin, como se este fosse o último bilhete de Elagabalus a Hierocles

Como o sol que incha e cresce, 
Maximin, são teus
a pujança, o tônus e a tesura. 
Quem-me-dera pudesse dar-te 
todos os dias 
o que é digno de tua condição 
cesariana, ou fosse eu a carruagem 
conduzida por tua potência 
equina, oxalá 
eu o cavalo que montas 
com maestria, charioteer, 
eu, tua cheerleader, que vivo 
da caridade do teu epidídimo, 
ora deixa-me 
descansar o pescoço 
extenuado sobre teu corpo 
esponjoso, meu cabelo 
confundindo-se com teus parcos 
pelos púbicos, já quase públicos, 
Maximin, tanta é a segurança 
com que te exibes no mercado 
e na ágora, maximiza-me 
em tua perene intermitência, 
diariza tuas doações 
tão fluidas sobre meu rosto, 
je vien, tu viens, 
então vem e quebra 
com teus sucos 
meu jejum, Maximin, 
minimiza minha idade, 
mexe-me contigo em mim, 
tantas são, miríade, 
as posições possíveis 
entre cavalgadura 
e montaria, Maximin, 
machuca-me 
à prostrada, naquele pontículo 
entre delícia e cicatriz, 
pois os cães pretorianos 
já se aproximam 
para arrastar-me aos gritos 
desse trono que usurpo 
quando te cansas do vúlveo 
e escalamos a torre de marfim, 
mas ainda assim trono 
onde se crê que alguma menina 
melhor sentaria, 
Maximin, e já sabemos 
qual será nosso fim. 

 
§ 
 
Ricardo Domeneck. Extraído das “Odes a Maximin”, inéditas.