de «Cenas de uma vida conjugal»
/Rosto negro de tão curvado, como
se já não escutasses a desatenção:
nem te pergunto pela urgência
da sílaba, a fraga, o vestuário da dor;
tenta só equiparar minha cabeça doente.
Longe da idade da família, intumesce a certeza
cintilante de ser uma só voz entre pulsos reflectores.
Remexemos o baralho de horas e papéis; às vezes, é
só a indecência de outra coisa morta debaixo da mesa.
Nunca mais comeremos da mesma pobreza fumegante:
agora é a vez do cigano à porta, arrancando peles,
mostra-te as melhores partes, experimenta,
esfrega-me o nariz no risco entontecido da tarde.