COP21

Decorre em Paris a COP21 (conferência sobre mudanças climáticas, sobretudo o problema do aquecimento global), e em Portugal o que se noticiou foi sobretudo o minúsculo incidente de um político não ter lançado retórica da tribuna principal porque outro político rival , ao que parece, se esqueceu de o inscrever. Se é verdade que Deus está nos pormenores, também não deixa de o ser que na patetice eles só mostram o ridículo.

Resumo de um post no Blog de Thomas Piketty (alojado no jornal francês Le Monde)

Tese, que é também o título: “Os poluidores do mundo devem pagar”. Piketty lamenta que os recentes ataques terroristas em Paris tenha desviado a atenção da COP21, dificultando o alcance de um sucesso real desta conferência, vital para o planeta. Piketty crê que a trajectória do aquecimento global está nos 3 graus, com consequência potencialmente “cataclísmicas”. Mantém-se céptico sobre a real vontade dos países mais ricos, quem de facto deve ser responsabilizado, em angariarem fundos financeiros suficientes para resolver pelo menos uma parte do problema.

Hoje, com uma certa hipocrisia, os Estados Unidos e a Europa desviam as atenções para a China, realmente o maior poluidor absoluto. No entanto, há dois dados que é preciso reter: a China tem muito mais população do que nós e, em segundo lugar, a descida das emissões europeias deveram-se em grande parte aos subcontratos massivos feitos na China. Se fosse contabilizado o carbono dos fluxos de importações e de exportações, as emissões europeias aumentariam imediatamente 40%, enquanto as da China diminuiriam 25% (os dados de emissões por habitante dão: 6 toneladas por cada chinês, 13 para os europeus e 22 para os Norte Americanos). Por outro lado, há dentro de cada país enormes desigualdades no consumo de energia e de poluição.

Em termos gerais, a média de emissões dos 7 000 milhões de habitantes é de 6 toneladas de CO2 por ano e por pessoa. Mas os 1% mais poluidores, cerca de 70 milhões de pessoas, emitem em média 100 toneladas por ano de CO2. Estas pessoas vivem sobretudo na América do Norte (57%), na Europa (16%), na China (5%) e no Médio-Oriente (6%). Assim, dos 150 000 milhões de dólares que são necessários para travar o aquecimento global, 85 caberiam à América do Norte e 24 à Europa.

Certo é que chegou o momento de procurar soluções fundadas num imposto progressivo sobre o carbono, é verdade que parece difícil de realizar, mas é preciso seguir este caminho se queremos que os grandes poluidores mudem os seus comportamentos. É preciso responsabilizar mais quem mais polui, maneira de se desenvolverem soluções pacíficas para este desafio mundial sem precedentes.