Ulla Hahn, Poema

[Tradução de Juliana Brina]

É difícil explicar que um poema
não possui objeto como um navio
os recipientes desse uma estação as flores dela
Indivisível como um número primo
Ele foge do tempo como você
e acaba
quando você deixa de escrever deixa
de ler quando você não se
lembra mais do que você acabou de ser
há apenas um instante
durante um momento durante uma palavra
rampa do cais flama poeira cometa
que assobia para um bando
de pequenos pássaros cantando longe
sobre nós      tudo afastado     nada tangível
nem mesmo preto no branco
No máximo uma caixa de pintura para crianças
espirrando água     presa
nessa Terra      anfitriã
sob a língua a confiança
calma e cega     Tocada
com seringas     dura como uma
brisa como         quando se toca um chapéu
Agora e acabou       Oh
você teme o fim do medo sem fim
que tudo se acabe até que se acabe tudo
enquanto escrevermos
enquanto lermos
não pode existir nenhum Todo      desde que você escreva
desde que você leia os outros apenas
morreram para você quando você o lê
quando você é completamente lido
acomodado sob um céu
desenfreado frutos caídos maçãs de setembro
o cru e o cozido
o vazio o silenciado o excesso
mãos e pés com sapatos e sem
homem e mulher com saudades
e sem sopa com cerveja       Aqui
e agora         diga o que você quiser o que
você quer      mais do que tudo     de volta e
para sempre            Nada acaba
quando você deixa de
ser        não é?            Inexistir não existe
no poema não existe e não existe na vida
Pegue das brasas a madeira       A ninguém
agradam as cinzas        Dê premissas a nomes
Dê nomes      Pequenos abrigos fundados sobre
o abismo           Toda a música vinda
do silêncio no ouvido de Beethoven


Gedicht

Schwer zu erklären dass ein Gedicht
keinen Gegenstand hat wie ein Schiff
seine Container eine Jahreszeit ihre Blumen
Unteilbar wie eine Primzahl
Dass es flieht wie du vor der Zeit
und vorbei ist
wenn du zu schreiben aufhörst zu
lesen aufhörst wenn du dich nicht
mehr erinnerst was du gerade noch
warst in einem Aufblitzen
einem Moment lang ein Wort lang
Schilfrohr Flamme Staub Komet
der vorbeizischt ein Schwarm
kleiner Vögel zwitschernd über
uns      alle hinweg       nichts Greifbares
nicht einmal schwarz auf weiß
Höchstens Kindermalkasten
springendes Wasser an dieser
Erde festbinden        Hostie
unter der Zunge Vertrauen
gelassen und blind         Gespielt
auf Syringen        hart wie eine
Brise      so wie an den Hut getippt
Jetzt und Vorbei      Oh
du Angst vor dem Ende endlose Angst
dass alles vorbei ist bis alles vorbei ist
solange wir schreiben
solange wir lesen kann es
kein Alles geben        solange du schreibst
solange du liest sind nur die anderen
für dich gestorben wenn du es liest
wenn es dich liest aus
setzt unter wuchernden
Himmeln Fallobst Septemberäpfel
das Rohe und das Gekochte
das Leere das Gestillte der Überfluss
Hand und Fuß mit Schuhen und ohne
Mann und Frau mit Sehnsucht
und ohne Brotsuppe mit Bier       Jetzt
und Hier      sag was du willst was
willst du     mehr als alles      zurück und
Für Immer        Nichts hört auf
wenn du aufhörst zu
Sein    oder?     Nichtsein kann es nicht geben
im Gedicht nicht geben und nicht im Leben
Nimm das Holz aus der Glut       Keiner
den Asche erfreut     Gib Namen Prämissen
Gib Namen     Kleine Unterkünfte über
dem Abgrund gegründet      All die Musik
aus der Stille in Beethovens Ohr.