5 poemas de Ricardo Tiago Moura
/(coincidência)
escreve o teu nome curto
no meu futuro rápido quero
guardar depressa o desvio
frágil porque não há outro
céu senão o de sempre
antes que por aqui entre
qualquer sombra de luz
(heróis de Saturno)
do meu cansaço da espera
pelo vosso amor às estações orbitais:
mais velho mais antigas
o meu corpo incompleto
politizado e tonto
que não sabe mais que vestir-se
dormir despido de mim
todos os dias o meu dia
avariar-se de noite
o meu luxo a minha barba
a minha máquina por baixo
da alma
lavados de fresco
cansaços vários
encontram-se:
tudo serve de eco
pretexto
ao esquecimento:
qualquer texto
sem guerras
(isso nunca)
herdeiro descalço
não pedindo
visões:
armas cabeças
girando
minhas longas esperanças
pernas conversas
lentas
no sol
(horário)
não demoram os planetas
dois minutos-luz que seja
nem uma promessa
sombra zumbido
de anjo abelha
gota
de suspiro
desistência
e transpiração:
não se atrasam
e sempre esperam
por nós
os planetas crentes
azuis, completamente
de crença idiota
e segurança
geométrica:
espaço
onde nenhuma figura
só a espera
movimento
próprio de si mesmo
é chave
certa
para:
nunca
chegar
(medida)
contar palavras pérolas palavras
a serem verdade: vaidosas
quedas demoradas
sequências paradas
de passos que não mediu
todo o século
passado
é demasiado novo
para contar comigo
contigo comigo: alguém
que tropece na música
das esferas: silencioso
alguém que desligue
esta humanidade
de contar
cortar
acordar palavras pérolas palavras
(esse-mesmo)
O Sr. Platão
vivia
numa cave
achando
que era
gruta:
a ideia
será
sempre
problema
não de luz
mas
de nome