Quatro poemas de Ismar Tirelli Neto
/Postal do Olimpo
A ausência acorda
Luminosa, seguida
Ausência remira
Esferas cinza
Um penedo branco
Batido por baixas
Claras como o dia
Horto de orelhões
Desativados
Santinhos de campanha
Eleitoral
Vasta equimose
Com algo de mar
*
Comediante
Ao sítio que me faziam
A mim contrapus
Um outro sítio ou
então
Calcei o cerco
(Fui magnífico)
Subi risonha muralha
em torno
Da cidade
Que me cercava
A mim provi
Perímetro
Grande e gargalhada
Tranca
*
Postal para KM
Lembro sempre de você nos melodramas
fora do ventre que vaga largo
pátio do mundo, e chove
e fecunda a testa
também ela uma manta de colo
lembro sempre de você nos melodramas
nada menos vago
que rilhadas cabareteras
cabaretando
pelo iniludível de lágrimas, rendas, sósias
vertidas sobre almofadões
o canapé vermelho
a que me conduz a bofetada
a bofetada pergunta
como se formaram os lagos de rímel?
enlanguescer até bem longe
enlanguescer até a América
*
Este some pelos próprios gestos
mão espalmada & mão esplanada
entre dia e noite esfarinhado
Acena e seca
andando de nenhum
Desgalhados de forte ventania
rondante como
Eu, bolsos abarrotados de eólitos
monólogo fundido na chuva