5 poemas de Macaio Poetônio
/SOB SETE PALMOS O AMOR DO PAPEL
E então
cavar os buracos que
silenciam em que humanos
engolem entram em êxtase
abraçam as paredes frias
procurar as canetas
que escrevem o sangue
pegar levantar e lamber
o moinho de onde nasce
nossa tosse.
QUANDO OS VIOLINOS RASGAM E O CORAÇÃO CAI
Cadeiras craquejam lentas –
os músicos
tristes insetos
se levantam sombras em
assombro –
gestam a escalada do ar
e a aranha faminta
cabeças pendem
para o teto corais subterrâneos
tombam sons
dentro do peito.
PROFUNDO ECO DO BERRO
: escorrer esse líquido
quente escutar a memória
prudente dos pelos o
terror dos dedos
quando o sol queima quando
o sol queima a pele
se levanta e morre,
na sua direção. Cozinheira
do querer, afia
minhas línguas lapida
meus gritos
ELOS CAMINHOS E PEDRA ONDE JAZEM A POESIA
Nenhuma flor como essa flor
que se sabe no jardim
orquídea impossível da
realidade
o poeta fumegante
essência clara viril
clichê
seu corpo casas bahia
seu tenro corpo manso seu
sem tempo fluido
coração submarino
em que rangem um ou dois poemas
existindo em perpétua e furiosa mudez.
SEM TÍTULO 2
, não importa a dança,
se a sombra estremece
essa voz de solilóquio químico
ou de rosas despedidas esses
enfeites desfeitos
nessa noite
nessas nuvens de morte