Tadeusz Rożewicz, Monumentos

Tradução de João Ferrão e Anna Kuśmierczyk

Os nossos monumentos
são ambíguos
têm a forma de um buraco

os nossos monumentos
têm a forma
de uma lágrima

os nossos monumentos
construiu sob a terra
a toupeira
os nossos monumentos
têm a forma do fumo
vão direitos ao céu

1958


Tadeusz Rożewicz (1921-2014) foi poeta e dramaturgo polaco. Nasceu em Radomsko, perto de Łódż, filho de uma judia convertida ao Catolicismo. Estudou em Cracóvia e no final dos anos 1940 mudou-se para Gliwice, seguindo mais tarde para Wrocław, onde morreu. Durante a Segunda Guerra Mundial foi soldado da Armia Krajowa (Exército Nacional), o mais importante movimento de resistência polaca. O seu irmão Janusz, também ele um promissor poeta e membro da AK, foi assassinado pela Gestapo em 1944.

A sua poesia é marcada pela experiência do Holocausto e pela responsabilidade de quem lhe sobreviveu. Face ao aforismo de Adorno de que não se pode escrever poesia após o Holocausto, Rożewicz procurou uma poética nova, longe dos artifícios retóricos até então comuns na Literatura Polaca. Os seus poemas caracterizam-se por versos curtos, quase como se fossem esqueletos de poemas, um vocabulário minimalista e a ausência de metáforas. 

Foi também um dramaturgo inovador e bem-sucedido, e as suas peças continuam a ser encenadas nos principais teatros polacos, principalmente Kartoteka (Ficheiro), publicada em 1960. Recebeu em 2007 o Prémio Europeu de Literatura pela sua obra, e foi várias vezes candidato ao Prémio Nobel.