Tadeusz Rożewicz, Trancinha
/Tradução de Anna Kuśmierczyk e João Ferrão
Quando raparam
todas as mulheres no transporte
quatro trabalhadores com vassouras
feitas de tílias varreram
e reuniram os cabelos
Por baixo dos vidros lavados
deitam-se os cabelos rígidos dos sufocados
nas câmaras de gás
nesses cabelos há alfinetes
e pentes de ossos
Não os atravessa a luz
não os divide o vento
não lhes toca a palma da mão
ou a chuva ou os lábios
Em enormes arcas
nuvens de cabelos secos
dos sufocados
e uma trancinha cinzenta
um totó com uma fitinha
puxada na escola
por meninos traquinas
– Museu – Auschwitz – 1948