Gudang Garam
/Fumo este cigarro com a satisfação dos amores fracassados
E tem um sabor doce como a catástrofe de um incêndio num dia de procissão,
Sopro o fumo pesado como lamentos saudosos sem vontade de regresso,
Longe estão os bancos de jardim geados onde penei
Ou os bancos de trás onde não estive, os franceses num Natal agoniado,
A falta de pé para o salto quando a vontade de mergulho asfixiava,
Não voltarei a temer a canícula, aprendi a saborear infernos,
Apanhei gosto à profundidade dos abismos e ao toque da escuridão anónima
Entre o abraço do salitre e sonhos perdidos,
Chupo o cigarro e crepita, as memórias consomem-se
Nas cores de um funeral hindu e estou em paz com a solidão.
Ubud
16.02.2019