Frutos estranhos

Filho de um tempo esquinado
Fruto esquisito da árvore
Em que me vi pendurado
A arder do sul e da sarça
Não tenho bem destrinçado
Se é mal do cú ou das calças
Mas esta vida não serve

E se este não apertado
Se me fixou na garganta
Como uma ideia não deve
Disfarçar não adianta
A queda está para breve
E volta tudo ao princípio.


De Sebastião Belfort Cerqueira, Monda, Edições sempre-em-pé, 2019