KRAKATOA É MAIS PERTO QUE O VESÚVIO (parte I)

o meu tumulto assombra-te, eu sei

algo que incandesce eletrifica
o ar suspenso entre nós 

este sempre entre os livros este
entre a voz minha que lê com a voz sua que lê
as vozes acendem assim como os corpos no escuro
os nossos corpos acesos no escuro nós
a pele do mundo 

tudo bate tudo toca
na ponta e sua secreta incandescência
o jeito de lava do mesmo vulcão e 

se houvesse de ser aqui um vulcão que nos liga esse vulcão teria a tua terra virgem meu elemento fogo a lava de dentro de um monte de terra que escorre e talvez esse seja o vulcão o que é um vulcão / o que mata um vulcão / o que tira um vulcão da

dormência / onde explodir / onde descer / o que reativa / o que ativa o vulcão e o coloca em ação na sua atividade de

vulcão

derramado por cima de uma cidade construída uma cidade telha a telha
a sua cidade invisível inundada por mim
a minha lava dentro do teu pedaço de terra busco jeitos de adormecê-los 

mas

 

não quero

 

um rosé vulcânico
a pedra de bolonha no barthes pedaço vulcânico
como o pedaço de lua que aqui pisamos
a lua em gémeos refletida o mesmo
pedaço vulcânico
é o lunário do equinócio tangerina
a mesma cor que combina com todos os tons de pele eu gosto do seu tom de pele

a pedra vulcânica a mesma de bolonha uma história da literatura

não

uma teoria literária
a universidade mais antiga do mundo uma materialidade inexistente em atos o verosímil

A segunda parte do poema pode ser lida aqui.