Banho de mar
/mar bravo
cavalgam-me as ondas
no dorso
nos ombros
enquanto nado
como uma tábua
debruada a branco
no ribombar contínuo da rebentação
espuma-mar
a entrar-me no corpo
em golfadas
que alegremente me enterrariam
se as deixasse
espuma-mar
a aguardar o fraquejo
do músculo que se entregaria
pra encontrar na massa líquida
a última morada
sou puxada
empurrada
virada e revirada
num volteio
que não vê chão
sou de água
transparente, fluida, molhada
em movimento oceânico que vai e vem
só pararia no fundo
se aceitasse engolir
o que com sofreguidão
engolir-me tenta
...
muda o mar entretanto
e em duas braçadas
dali saio e me levanto
viva, mas domada.