Janela Aberta numa Noite de Tempestade
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Tornou-se isto na espera por uma catástrofe definitiva,
Tudo passa na língua com a textura de um vazio absoluto,
Mais um crepúsculo, mais um gole, mais uma ejaculação,
Tudo no vazio, a cópia de uma cópia estropiada pelo tédio,
Continuar como quem é levado, moribundo, a um autocarro,
Que nos levará de volta ao cansaço, depois do fim, de tantos fins,
Gastam-se as ilusões em copos vazios e mesmo assim,
Caminha-se com o glorioso peso de todos os fracassos,
Verões que prometeram ser infernos e se tornam em dilúvios,
Pandemias que terminam em guerras e novos medos,
As balizas enferrujam, as giestas tomam conta do campo da bola,
Quantos segundos serão dedicados por dia às glórias pequenas,
Relembrar na água que escorre numa janela o mais precioso tempo,
As mãos vazias, tão grandes na ilusão do seu alcance,
Um poeta, como se nisso houvesse alguma salvação,
O resto já se sabe, nas entranhas o tumultuoso emaranhado
De tudo o que foi perdido, que só a perdição derradeira aliviará,
Entretanto abre-se mais uma garrafa de vinho, antes da partida
De mais alguém, do próximo trovão ou da própria derrota final.
14.07.2022
Turku