NAS MENTES DOS CAVALOS ONDE É SEMPRE ÁSIA (Poema inédito)
/Olho no rosto de meu pai
um rosto de pai chegado não faz
mais de três, quatro
minutos ou horas ou tempo necessário
que essa pista de pouso ataca e defende-se de forças. Das flechadas
dessas forças em desvarios pelos ares, nos quartos, na passagem de uma
rua à outra.
Apresento-me àquela novidade
que perambula, responde aos chamados
vem na frente de um homem que traz no bolso
uma carteira de couro velha e rasgada. Ali em 3x4 rostos que de tanto
variarem, perderam o ponto de partida, seus nomes, estão todos roxeados.
Fica um rosto de filho
vidrado num rosto inédito
e ao mesmo tempo já desaparecido. É ele eu sei que é, reconheço. Sou eu
ainda
aquilo que a vida leva e traz.
Este rosto ali costurando-se
é o rosto do meu velho.
Não nos conhecemos aquele rosto recém ancorado e o espanto que lhes
apresento. Ficamos parados
dois rostos sem cumprimento e órfãos de alguma
matéria leve, quase gasosa
mas com existência.
Meu pai está órfão de pai
antes de seu nascimento, desde antes de tornar-se fértil
o ventre que o acolheu
para germinar seus dois olhos, pelos, pernas, um fígado, essas coisas que
um corpo costuma ter. Esse desespero. Agora
é a vez do filho
dele. Um
diante do outro pergunta onde em você estoura em pânico um pai que vai e
vem.
Aviso àquele rosto que tenho pressa
se pode apresentar-se de vez,
após um pedido de licença que desenho no ar com a mão direita,
enquanto a que resta disca
para um homem bem diferente dele,
ligo e digo quero transar. Das quatro às seis. No seu endereço.
No seu campo de batalha.
Após sua ida à praia.
Antes que você fique mais perto.
Entre aquelas teias de aranha
que você protege acima do chão antes do teto. Não diga nada quando eu chegar.