Ménage

 

Naldinho tava só a estrela-do-mar no chão, todo arreganhado.

Afrouxaram o cinto dele num repente: tome abrir bermuda, folgar percatas, a zorba azul à mostra. A camisa pólo foi no bruto, rasgaram do cós à gola. Daí pra frente uma das mulheres, acima, posicionou as mãos nos peitos dele e danou-lhe conhecimento:

VUCO! VUCO!

VUCO! VUCO!

No movimento de sobe e desce, Naldinho era só um saco de estopa, dava nem um pio. O bucho branco, mole que nem geléia de mocotó, não se aguentava na pressão. A boyzinha logo que cansou as articulações cedeu espaço pra outra. Mesmo embalo:

VUCO! VUCO!

VUCO! VUCO!

Foi no último movimento que Naldinho abriu os olhos, tossiu na pressa de saber onde tava: o coração voltara a tilintar lá por dentro. O povo que acompanhava a ocorrência aplaudiu as socorristas.

Severino Figueiredo edita a revista literária Gorfo e escreve no blog tristemascurto.blogspot.com / Contato: osevfig@gmail.com