David Foster Wallace, Tristeza Infinita

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Nascido em 1962 (Ithaca, Estado de Nova York), Wallace foi um promissor jogador de Ténis (desporto muito presente na sua obra), admirador de Roger Federer, estudou filosofia e literatura e lecionou no Emerson College e na Illinois State University. Com episódios frequentes de depressão, acabou por se suicidar, enforcando-se, em 2008, com 46 anos (já depois do enorme sucesso, mais crítico do que comercial, de Infinite Jest (1996), a nossa Piada Infinita.

Serve esta nota de segunda feira, primeiramente, para trazer algumas linhas importantes de uma entrevista com o autor que o jornal El Pais publicou há pouco tempo pela primeira vez e, em segundo lugar, cativar novos leitores para uma obra que apanha a tristeza do nosso tempo por debaixo da película incandescente do entretenimento global.

Na entrevista começa por referir que não escreve ficção particularmente difícil, embora alguns o vejam dessa forma porque a maior parte do que se publica nos USA exige tanto do leitor quanto um filme comercial de um espectador. O certo, diz, é haver um “amor genuíno pelos livros”, não os ter como mais um passatempo, “implicar-se esteticamente” na sua leitura, e isso “requer disciplina e esforço”.

Quanto à sua magnum opus, a Piada Infinita, trata do fenómeno da adição, quer orientada pelo desejo físio-psicológico, quer, retomando a acepção original da palavra, pela devoção, “num sentido quase religioso”. A partir disso, procura compreender “uma espécie de tristeza inerente ao capitalismo”. Recebido como mais uma obra literária muito divertida, Wallace deixa bem claro que o “sentimento dominante do livro é o de uma imensa tristeza”. Alguém lhe chamou um “épico contemporâneo”, devemos acrescentar “pessimista” entre as duas palavras.

Enquanto escritor, assume a influência do vasto e opaco movimento pós-modernista, indo do vanguardismo francês Pós-Guerra, passando pelo Realismo Mágico Sul-Americano, até escritores com Italo Calvino [magnífico As Cidades Invisíveis]. Mas também David Lynch, um “Grande Artista”, com as suas explorações surrealistas.

Os temas reverberam as linhas de força do capitalismo tardio, com atenção especial para a alienação às novas tecnologias de informação e comunicação, capazes de viciar num consumo sem critérios, ao mesmo tempo que rasuram as antigas formas de convivência presencial.

Finalmente, para quem não quiser ler a entrevista, a certeza, enquanto leitor assíduo de poesia, de que as traduções se afastam sempre irredutivelmente do original.

 

Charles Bukowski, "Dostoiévski"

 

 

Bukowski, anos 70

Bukowski, anos 70

Tradução: João Coles

 

Dostoiévski

contra a parede, o pelotão de fuzilamento pronto.
depois suspenderam-lhe a pena.
suponhamos que tinham fuzilado Dostoiévski.
antes de ter escrito tudo o que escreveu.
suponho que não tivesse tido
importância,
não directamente.
há biliões de pessoas que
nunca o leram e que nunca
o lerão.
mas desde jovem que eu sei que foi ele
que me fez aguentar as fábricas,
ir além das putas,
ergueu-me alto pela noite fora
e pousou-me
num lugar
melhor.
mesmo enquanto estava no bar
bebendo com os outros
derrelictos,
alegrava-me por terem suspendido a pena
a Dostoiévski,
suspendeu a minha,
permitiu-me olhar directamente para as
caras râncidas
do meu mundo,
a morte apontando o dedo.
mantive-me firme,
um bêbedo imaculado
partilhando a escuridão fedorenta
com os meus
irmãos.
 

in Bone Palace Ballet


Dostoevsky

against the wall, the firing squad ready.
then he got a reprieve.
suppose they had shot Dostoevsky.
before he wrote all that.
I suppose it wouldn't have
mattered,
not directly.
there are billions of people who have
never read him and never
will.
but as a young man I know that he
got me through the factories,
past the whores,
lifted me high through the night
and put me down
in a better
place.
even while in the bar
drinking with the other
derelicts,
I was glad they gave Dostoevsky a
reprieve,
it gave me one,
allowed me to look directly at those
rancid faces
in my world,
death pointing its finger.
I held fast,
an immaculate drunk
sharing the stinking dark with
my
brothers.

Cold War de Pawel Pawlikowski, 2018

Joanna Kulig e Tomasz Kot em Cold War de Pawel Pawlikowski

Joanna Kulig e Tomasz Kot em Cold War de Pawel Pawlikowski

Cold War é o mais recente filme de Pawel Pawlikowksi, realizador polaco, que cresceu no exílio em Inglaterra e na Alemanha, Creative Fellow em Oxford Brookes entre 2004 e 2007. Regressado à Polónia pouco depois da morte da esposa em 2006, Pawlikowski acabou por se reeinventar um pouco como realizador depois deste trauma. A mãe do cineasta era bailarina e o pai médico, Pawlikowski tem ascendência judaica do lado paterno – uma avó que morreu no Holocausto. O início da sua carreira inclui uma série de documentários com qualidades vagamente surreais, filmes sobre errância e viagens e gente em trânsito. É possível que o modo como os fantasmas da história se cruzam no percurso do próprio Pawlikowski, a avó perecida em Auschwitz, o exílio da Polónia comunista, e a sua prática enquanto realizador de documentários expliquem alguma coisa acerca do modo como a história e o percurso das personagens nos seus filmes se desenrolam. Ida olha de perto as feridas deixadas em aberto pelo Holocausto na Polónia, ao mesmo tempo que é um estudo sobre o percurso de uma jovem mulher educada para se fechar do mundo. O modo como Ida se cruza com um músico de jazz na sua busca pelas suas próprias origens continuará para sempre a existir no meu bloco de notas como uma das melhores metáforas acerca do modo como o mundo tem as suas formas de nos encontrar e de nos agarrar por um braço e nos fazer girar, mesmo se no fim quisermos resolver que o que resulta para nós é fecharmo-nos num convento. Ida é o primeiro filme polaco a alguma vez ter vencido o Oscar para melhor filme estrangeiro.

Pawilokwski dedica Cold War aos pais, que o realizador descreve como “the most interesting dramatic characters I’ve ever come across … both strong, wonderful people, but as a couple a never-ending disaster”. Talvez porque Pawlikowski esteja interessado em conversar tanto com os fantasmas do cinema como com os da história, Ida e Cold War são filmados a preto e branco. Pawlikowski, cuja formação inicial é em filosofia e literatura alemã, está interessado em questões de identidade em momentos de crise. Pode-se dizer que Ida e Cold War são filmes acerca das formas como as pessoas descobrem quem são em momentos de profunda disrupção: histórical, emocional, política, geográfica, cultural... E o que elas são, tanto nos sugere qualquer um dos dois filmes, é algo mais profundo, íntimo, violento, belo e amável do que aquilo que a pressão de movimentos colectivos, que agem contra a memória e contra a individualidade, pode fazer para os normalizar, diluir ou censurar através de rituais e rotinas opressivas. Neste sentido, estes dois filmes de Pawlikowski são sobre a integridade humana. Cold War é uma história de amor abrupta, entre um pianista e uma cantora que se conhecem quando o pianista, Wiktor, é encarregado de instituir um colégio de música e artes performativas na Polónia, para conservar as artes folclóricas do país. O professor passa a intelectual perseguido e no exílio, em Berlim e Paris, e a aluna, Zula, segue-o e abandona-o e torna a procurá-lo. Num dos primeiros diálogos entre as duas personagens Wiktor alude ao rumor de que Zula teria assassinado o próprio pai e pergunta-lhe porquê. Ela responde algo como: “uma noite ele confundiu-me com a minha mãe, eu esfaqueei-o para o recordar da diferença, mas não te preocupes: não o matei.” Noutra cena, Wiktor regressa ao apartamento em Paris depois de se encontrar com Zula, depois da primeira separação entre eles. A namorada da altura pergunta-lhe se ele tinha ido gastar dinheiro com prostitutas. Ele responde que não, que não tinha dinheiro para isso, que tinha ido encontrar-se antes com o amor da sua vida. Cold War dramatiza na trajectória de Wiktor e Zula a questão da dissolução de identidade que é, mais do que a de um intelectual no exílio, de alguém, qualquer um, que tem de viver fora do seu país. Um encontro com um burocrata na embaixada da Polónia em França resume o dilema e o terror deste estatuto em poucas linhas, quando o burocrata se vira para a câmara e diz, à personagem de Wiktor, algo como, o senhor não é polaco nem francês.

As críticas chamam a Cold War um filme épico, mas Cold War é um filme épico numa escala muito contida, a magnitude da sua escala épica tem a ver com o fundo histórico, que é capturado em pequenos detalhes, que é a de ser um retrato da vida privada de dois artistas que pela sua profissão estão mais expostos a um olhar público e a serem vigiados pelo poder num regime opressivo. Na sua essência, no entanto, Cold War é antes de mais o retrato de dois amantes que tentam a todo o custo encontrar uma forma de permanecer juntos, e nem a opressão da Polónia comunista nem a satisfação que pode advir de se ser um artista vagamente bem sucedido e em paz no exílio parecem poder obliterar esse absoluto, sob pena de as personagens deixarem de ser quem são, de a vida deixar de valer a pena. De alguma forma, podemos tentar dizer muitas vezes a nós próprios que prudência e uma moderação indiferente nos podem deixar viver satisfactoriamente em qualquer cenário. A integridade, no entanto, a nossa acerca das coisas e pessoas que amamos, no fundo as coisas e as pessoas que mexem connosco e geram as marcas que moldam as histórias das nossas vidas, é um pouco mais difícil: exige a paixão cega das nossas convicções. A beleza dos filmes de Pawlikowski tem qualquer coisa que ver com isto. É por isso que esperamos com ansiedade os próximos.  

Porque não há nota de segunda-feira esta semana

Os dez leitores que seguem este blog terão reparado que mantemos uma rubrica chamada “Notas de segunda-feira”. O que essa rubrica é suposto ser ao certo ainda estamos a tentar descobrir, mas a ideia geral é que todas as semanas um dos editores escreve uma nota mais ou menos leviana sobre o seu fim-de-semana, ou sobre algo que o captivou recentemente. Esta semana calhava-me a mim escrever a nota semanal. Este texto serve para justificar porque não o fiz.

Eu até que estava bem lançado. Tinha duas ideias para o texto, planeava escrevê-lo no sábado, deixá-lo repousar, lê-lo no domingo, descobrir que aquilo era uma parvoíce pegada e escrever outro em nada melhor, e corrigir os muitos erros e gralhas na terça, depois de os demais editores da Enfermaria me darem na cabeça. Este é o método de escrita que apurei nos últimos tempos, e acho-o extremamente eficiente. Mas algo inesperado e totalmente fora do meu controlo tomou conta do meu fim-de-semana e arrumou o meu cuidado plano na gaveta do esquecimento. Mas já lá chegamos.

 

Tópico 1 para a nota de segunda-feira que não chegou a ser escrita: Succession (2018)

A minha primeira ideia era escrever sobre a série Succession, https://www.imdb.com/title/tt7660850/?ref_=nv_sr_1). Acabei de ver a primeira temporada esta semana, e é soberba. Criada por Jesse Armstrong, um dos argumentistas de Thick of it, uma das minhas séries preferidas dos últimos anos, tem em comum com esta o humor negro e a arte de bem praguejar. É uma espécie de King Lear moderno: o patriarca da família Roy, o poderoso CEO de uma das maiores empresas de media do mundo, um misto de Trump e Murdock e excelentemente representado por Brian Cox, celebra o seu octagésimo aniversário, e os filhos posicionam-se para o suceder. O problema é que o pai não tem a mínima vontade de se reformar. Sim, claro que é um comentário à actual situação política (i.e, Trump e acesso ao poder que dinheiro e influência compram; nas minhas notas para o texto comentei “faças o que fizeres, não uses esta expressão”), mas é também um drama profundo, extremamente bem escrito, e com actores que certamente vão ganhar prémios a torto e a direito. Fui lá ter através deste texto na The New Yorker, que é muito melhor do que o meu texto seria: https://www.newyorker.com/culture/on-television/succession-reviewed-an-irresistible-family-power-struggle-told-through-soap-and-satire

 

Tópico 2: Sweet Tooth (2009-2012), de Jeff Lemire

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Jeff Lemire (n. 1976) é um escritor e desenhador de banda-desenhada canadiano e, desde que li a graphic novel[1]Essex County, no princípio deste ano, que estou apaixonado pelo seu trabalho. Essex County é uma colecção de contos em torno de uma comunidade rural no Canadá. As histórias são minimalistas e contidas, bem como o registo gráfico, interligadas de formas nem sempre óbvias. É talvez o livro mais comovente que li no último ano. Mas não era sobre esse livro que queria escrever, mas sobre a colecção Sweet Tooth, que Lemire escreveu e desenhou, e que foi publicada entre 2009 e 2012. Descrita pelo autor como “Mad Max meets Bambi” (com claras influências de The Road, de Cormack McCarthy), conta a história de um rapaz “híbrido” (a imagem da capa é elucidativa), que tenta sobreviver num mundo em que uma peste incurável e inexplicável dizimou a maior parte da humanidade, e os sobreviventes vivem atormentados pela certeza de que é apenas uma questão de tempo até que também eles contraiam a doença. Uma leitura ligeira, portanto.

 

Os meus amigos sabem do meu “interesse excessivo” por um género de videojogo genericamente denominado RPG (não me vou alargar aqui sobre a definição do género, algo fluída; direi apenas que estes jogos costumam conter uma série de elementos em comum: o jogador controla uma personagem ou um grupo de personagens, através de uma narrativa complexa, as personagens evolvem ao longo do jogo, adquirem novas capacidades e características, que alteram a forma como podem interagir com o mundo). Depois de me ouvirem discorrer durante cinco minutos sobre os méritos artísticos de jogos como The Witcher 3 ou Persona 4, eles tendem a dizer, com visível curiosidade: Não te vais pôr a falar sobre jogos de computador outra vez, pois não? O que eu tomo por sinal de interesse, e prossigo, expondo as razões porque prefiro The Witcher 3 a Fallout 4 (pace João Bosco da Silva), ou o que torna Persona 4 tão especial – o Persona 5 é excelente, e muito melhor tecnicamente, mas falha em fazer-nos sentir em casa e ligar-nos ao mundo da narrativa, como o Persona 4 faz tão bem…

Chegamos então ao ponto em que os meus planos de fim-de-semana foram deitados borda fora, como um pirata insubordinado lançado para um mar infestado de tubarões. Aconteceu-me isto:

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Não vou abusar da paciência dos leitores da Enfermaria. Direi apenas que Divinity: Original Sin 2 é um RPG excelente. Tem uma qualidade de escrita, tanto nas missões principais como nas missões secundárias, como não via desde The Witcher 3. O combate por turnos, de alta complexidade táctica à la X-Com, é fantástico, e encoraja a criatividade: por exemplo, hoje descobri que, se congelasse o solo sob o qual está um inimigo a sangrar, é possível que ele escorregue no seu próprio sangue congelado e perca a vez. É um jogo de uma audácia rara em termos do nível de agência que confia ao jogador: o jogador não gosta de uma personagem central e decide matá-la por capricho? Muito bem, o jogo permite fazê-lo, e foi concebido de maneira a que fosse possível a narrativa continuar, apesar de uma peça essencial estar em falta. Poderia continuar a discorrer sobre os méritos do jogo, mas não o vou fazer – quero antes ir limpar o sebo ao Bispo Alexandar.

 

Isto vem totalmente a despropósito, mas reli o Four Quartets este fim-de-semana. É ainda mais belo do que me lembrava.

 

Para acabar o post com uma mensagem positiva: aos dois leitores com menos de quarenta anos que lêem o blog eu digo: jovens, digam não às drogas e vão jogar Divinity: Original Sin 2. Ou ver Succession. Ou ler os livros acima mencionados. Ou simplesmente ler bons livros. Sim, isso é capaz de ser o melhor.


[1] Qual a tradução correcta de graphic novel? Romance gráfico?

Electra (revista)

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Saudemos o aparecimento da nova revista Electra, com saída trimestral. É editada (português e inglês) pela Fundação EDP e vai no número 2. Ao diretor José Manuel dos Santos junta-se o editor António Guerreiro.

O número de lançamento (“Nesta Grande Época”) elucidava(-se) assim: “ELECTRA é a nova revista da Fundação EDP. É uma publicação editada em português e inglês, de crítica, pesquisa, ensaio e reflexão cultural, social e política, que aborda todas as áreas da cultura, promovendo diálogos e oscilações de fronteiras entre saberes humanísticos e ciências, entre disciplinas artísticas, entre teorias e práticas culturais diferentes.” Trata-se, portanto, de um dispositivo que pretende pensar criticamente os múltiplos fios que cosem a actualidade, tantas vezes uma indigente manta de retalhos.

Entretanto, em Junho saiu o número 2, dedicado em grande parte à estupidez. Os ensaístas são de primeira linha, de Yves Michaud a Avita Ronell, passando por José Gil ou João Pinharanda. É por isso um prazer lê-la, mesmo que o tema da estupidez, mais inabalável do que alguns pensam, nos desarme, ou enoje mesmo.

Destaco certas ideias: António Guerreiro faz uma espécie de genealogia curta da estupidez, tomando Flaubert, Musil, Broch ou Barthes por lúcidos profetas. Fala também da “tortura empática” ministrada pela televisão, concretizando a “ditadura do coração” de que falava Kundera. Termina o seu ensaio escrevendo: “Não sabemos, e é impossível saber, se o caudal de estupidez é hoje proporcionalmente maior do que foi noutros tempos, mas é possível dizer com certeza que ela flui no nosso tempo com menos resistências críticas e por vias que permitem um deslizar tranquilo.”

Yves Michaud insiste no paradoxo da quantidade incomensurável de informação disponível reverter em iliteracia. Não tanto porque prevalece um caos informativo indomável, mas porque motores de busca, “dos quais ignoramos em grande parte os princípios de funcionamento, de selecção e de hierarquização.”, estabilizam um pensamento redutor e orientado para o consumo de massas.

Avita Ronell reflecte sobre “A tentação da imaturidade”, o espírito adolescente que invadiu grande parte do planeta, incapaz de gerir bem a hesitação, agindo em permanente, alegre e frenética, cegueira. Além disso, o “horizonte de promessa segura” que durante muito tempo veio da América foi aniquilado à machadada por Trump, que na verdade não passa de um adolescente mimado e ousado.

Mas há muito mais, por exemplo: sobre “O que fazer dos textos infames?”, relacionado com a possível publicação dos panfletos anti-semitas de Céline, à “A sobrevivência da abjecção” de André Dias, onde se discute algum do cinema da crueldade, tomando como referências maiores Pasolini e Haneke, articulando-o com a biopolítica.

Longa vida à Electra!