«um pouco de jazz» de Najwan Darwish

Najwân Darwîsh
Tradução do árabe: André Simões 

ó tu, cônsul negro de uma civilização branca como uma mortalha
ó tu, cônsul branco de uma civilização de carvão
haverá uma cor terceira com quem eu possa falar?
ou devemos implorar-te, como criadas bem educadas, para nos permitires viajarmos,
o que fazer para que te agradem estas caras que o Senhor traçou?
ou dançaremos nós diante das embaixadas a noite toda, acenderemos nós um fogo à maneira das tribus zulu?
ou quereis que nos deitemos com as vossas velhas para provarmos as nossas boas intenções?
ou assinamos os contratos de inocência da História
ou desinfectamos a memória com Dettol
ou queimamos o livro “Orientalismo” e as nossas mães “atrasadas” – com gasolina – e rimos.
ou tocamos um pouco de jazz para a tua mulher?

ó tu, cônsul
as nossas caras derreteram e nós para cá e para lá e estamos perante os teus olhos perscrutadores e as tuas experientes secretárias, mais excelentes que cães-polícia...
estas caras cujos traços apagastes com as vossas tendências experimentais perseguir-vos-ão em pesadelos durante sete gerações pelo menos

ó tu, cônsul
este poema perseguir-te-á a ti em particular.

 

قليل من الجاز

نجوان درويش

أَيها القُنْصل الأَسود لِحَضارةٍ بيضاءَ كالكَفَن

أَيها القنصل الأبيض لحضارة مِن الفَحْم

أَما مِنْ لونٍ ثالثٍ أَتحدّث إليه؟

أَينبغي أَن نَضْرَع مثل خادمات مؤدّبات لتسمحوا لنا بالسَّفر

ماذا نصنع لكي تعجبكم وجوهنا التي رسمها الربّ؟

أَنرقص أَمام السفارات طوال الليل ونُشْعل ناراً مثل قبائل الزولو

أَتريدون أَن نضاجع عجائزكم لِـــنُـــــــثْبِتَ حُسْنَ نوايانا؟

أَنوقِّع صكوك براءةٍ من التاريخ

أَنعقِّم الذاكرة بالديتول

أَنحرق كتاب "الاستشراق" وأُمهاتنا "المتخلِّفات" ـــــ بالكازـــــ ونحن نضحك.

أَنعزف لزوجك قليلاً من الجاز؟

أَيها القنصل

وجوهنا ذابت ونحن نروح ونجئ أَمام عيونك الفاحصة وسكرتيراتك المدرَّبات أَفضل من كلاب الشرطة...

هذه الوجوه التي طمستم ملامحها بِنزعتكم التجريـبـية ستطاردكم في الكوابيس لسبعة أَجيال على الأقل.

أَيها القنصل

هذه القصيدة ستطاردك أَنت بالذات