Nick Laird, Da Beleza
/Tradução de Hugo Pinto Santos
Não, não poderíamos fazer a lista
dos pecados que não nos podem perdoar.
Aos mais belos não falta uma ferida.
Começa a nevar permanentemente.
Para os pecados que não nos podem perdoar,
as palavras são maravilhosamente inúteis.
Começa a nevar permanentemente.
Os mais belos sabem disto.
As palavras são maravilhosamente inúteis.
São as malditas.
Os mais belos sabem disto.
Deixam-se ficar por ali com a falta de naturalidade de uma estátua.
São os malditos,
e, portanto, a sua tristeza é perfeita,
delicada como um ovo poisado na palma da mão.
Quando endurece, é decorada com a cara deles
e, portanto, a sua tristeza é perfeita.
Aos mais belos não falta uma ferida.
Quando endurece, é decorada com a cara deles.
Não, não poderíamos fazer a lista.
Nick Laird, To a Fault, Faber & Faber, 2005
On Beauty
No, we could not itemize the list
of sins they can't forgive us.
The beautiful don't lack the wound.
It is always beginning to snow.
Of sins they can't forgive us
speech is beautifully useless.
It is always beginning to snow.
The beautiful know this.
Speech is beautifully useless.
They are the damned.
The beautiful know this.
They stand around unnatural as statuary.
They are the damned.
and so their sadness is perfect,
delicate as an egg placed in your palm.
Hard, it is decorated with their face
and so their sadness is perfect.
The beautiful don't lack the wound.
Hard, it is decorated with their face.
No, we could not itemize the list.