Trevi, sabem?

 – Bonasera, ragazzo
falou-me a loba sexy no palato 
que nós lado a lado cruzados de olhares 
num desses dates pirosos em lábia 
e engate, erotizando lendas 
   bebendo cigarros 
sentados na scala onde cristo 
passeou pavão sua santa bondage 
sem que a lua nos mingue o charme, 
enquanto nela nem buço nem obesidade 
toda pernas 
                copas 
                classes 
                                e eu babado, sabem?  

Logo me ficou pé para trás 
quando acaso me contou ter feito 
maternidade a mitos e estátuas sem pai, 
uivando quase biblioteca história de arte 
que colecionava michelangelo e pietàs 
sem sebastião amargo na capela retrato 
nem pincelada de blá blá blá 
                tão produto nostálgico 
                tão euro 2004 
e nisto se adiantou de novo o atraso 
no calcanhar, não que me 
impressione fácil o paleio de erasmus, 
mas que nela nada havia de nacional em traço: 
pouco lhe importavam estádios 
pouco lhe importavam traumas geográficos 
                                                      ela loba, sabem?  

Puxou-me pressas subimos do degrau, 
eu tendão elástico e ego educado 
prensei no chão a sua beata 
tornando sola em pisa-papéis sapato, 
depois ofereci-lhe casaco farsa de cuidado 
enquanto lhe pedia parte do braço 
para então improvisarmos uns passos 
tão novela da tarde 
                ora distantes no radar 
                ora chegados em abraço 
mastigando ruas rápidas como se 
fragola pingando cone bolacha, 
rindo casal dos bambini desfilando 
catequeses de gola desdobrada, 
olhando o tevere correndo caudal 
cafeinar-nos feromonas e miocárdios 
quase latte macchiato 
          nespresso sem cápsula 
                                  e nós unha na carne, sabem? 

Calhámos âncora na fonte mergulhados, 
puro plágio daquele fellini clássico 
nadando pés de barro na água 
como se pugilato de barragem, 
e chegada então a parte de dar mãos 
tipo cinema antiquado 
até de personagens trocámos, 
que agora eu alfa 
                 ela molhada 
próximos quase quadriculado 
               cotando em milímetros a mirada 
               angulando grau raso nos lábios 
perto perto que lhe saco bacci 
e foi quente quente que acabámos 
               ora beliche um no outro deitados 
               ora sexo bruto com carinho de 4 
que o sangue nos fervia forno 
e liberdades, enquanto o benito 
assistia pouco facho à nacionalização 
da indústria do pecado das carnes 
e o papado disfarçava casto não ver 
que hoje preservas são rebuçados 
                              tudo golpes de estado, sabem?  

Na ressaca, dela apenas colchão vago 
com um chocolate à cabeceira  
embrulhando retângulo as palavras 
– Ricorda, ti voglio bene ragazzo 
que lidas tornavam a alcateia orfanato, 
então voltei rastos à fonte palco passado 
deitando-lhe uns trocos a naufrágio, 
mas nada nada nada 
da loba perdi a pegada 
e ali fiquei plebe tornado, 
               tossindo versos 
               afogando lágrimas de macho 
que poemas são cidades 
leia-se roma ao contrário, 
e moedas salário de deuses incapazes 
               não nos sabem 
               não nos ouvem 
               não nos guardam 
                                             e ci vediamo, sabem?