Eu estava aqui
eu estava exatamente aqui

E te digo
te digo inúmeras vezes que
Eu estava aqui
exatamente

E a música da Tulipa Ruiz com o Jeneci
começa a tocar

mais uma vez
por inúmeras vezes
te digo.

E se eu fosse um retrato?
Um quadro na parede a te observar?

Se eu observasse teu corpo permanecer
e teus olhos em mim

Tu fingirias um movimento
abririas a boca e (...)

já é um novo carnaval
já é um novo eco
e novas gerações

Tu buscas o impossível pretérito
e permeias todos os mares.

Pregam-me na parede
com pregos sinestésicos:

Eu sou o delta que
carrega calamares

Mar adentro.

Ó ilhas perenes
e seres fusiformes

Organismos metamórficos
que penetram e
fecundam
o tal tempo híbrido

Sejam vós os espias
a desfrutar do sal desta terra
e a dominar as máquinas
deste universo
Sejam vós a desmaiar os sentidos
e em suspensão
amalgamar vossas raízes
para que reverberem
o céu ensaístico que
amanhece as ruas oportunas.

De dentro das entranhas carnavalescas
as árvores abanam suas fuças;

Daqui a 2 ou 3 éons
as pedras aprenderão a falar
e não haverá ser que
reproduza os diálogos desta
que será uma língua arcaica-oral.

Eu masturbo minha existência
e descubro sozinho que quando
uma porta é atravessada
ela deixa de existir.

Mas, me diga

o que é o infinito quando comparado a nós?