As aparências
/Javier Vela (1981)
De Imaginario, 2009
Tradução: André Domingues
Beleza, flor de plástico, aroma do real,
sempre de mão em mão como uma prostituta
de luxo, persigo-te por detrás de cada imagem,
de cada forma pura, sem nunca te alcançar.
Nascemos para o êxtase e para o canto.
Somos uma excrescência desnecessária
à volta do nosso sexo: padecemos
a tirania dos escaparates.
Pálidos manequins, ficções adoráveis,
que importa que sejais certos, se sois belos;
jamais tereis a alma do modelo,
mas tendes o seu corpo melhorado.
A tua aparição exalta-me e consola-me.
Por ti, ninfa intocada, ideia feita de carne,
úlceras de ouro líquido nos meus olhos
ouvi supurar.
Sei que sob a alquimia das tuas máscaras
se torna possível um mundo sem contornos.
Levanta as saias, putinha de mil nomes.
Levanta as saias para que eu o veja.