Nick Laird, Alba
/Tradução de Hugo Pinto Santos
Vai para casa. Há semanas que não durmo
sozinho e preciso de me estender
sobre os lençóis até encontrar não o calor mas a perda.
E é essa falta que me vê agora tão gordo
e nada satisfeito – com isso quero eu dizer-me
incapaz, seja de dureza, seja de amabilidade.
Inapto para falar a homem ou animal,
Não seria capaz de te deixar
veres-me assim tirado pelo avesso,
o que quer dizer que o que importa é lá estar.
Não aqui. Se soubesses o suficiente, saberias
que é na remoção que se é amado.
Levanta-te. Leva-te até à noite.
Percorre ruas que jazem contrárias e se atravessam
a si mesmas numa prece por sombra, depois luz.
Nick Laird, To a Fault, Faber & Faber, 2005
Aubade
Go home. I haven’t slept alone
in weeks and need to reach across
the sheets to find not warmth but loss.
The lack of which now sees me fat
and not content - by that I mean
I couldn’t manage either tough or kind.
Not fit to speak to man or beast,
I wouldn’t suffer you to see
the sight of me drawn inside-out,
which means the thing is being there.
Not here. If you knew enough you’d
know removed is how you’re loved.
Get up. Take yourself into the night.
Walk streets that lie against and cross
themselves to pray for shade, then light.