Tonturas

são aquelas tonturas
de um desejo inconsequente
fulcros de confiança
na montra de um oculista
que caminha num raio de luz
borboletas de medo
pacifistas
voltejam
no estômago inquieto
de um rapaz de oito anos

poema da minha infância
a colheita de um ano estéril
escolhido por um pintassilgo
árvore de galhos cheios
que roubou as promessas
de jasmins brotados
num dia funesto

quem refresca o meu copo
sozinho
no bar do aeroporto
ó pintassilgo
onde a noite se cruza
nas linhas de rabiscos ilegíveis
potencial sangrento
que escorre
para fora do caderno preto