4 poemas de Bo Carpelan
/Círculo
Ali, ao lado da pálida árvore,
ele escutou os passos de minha mãe.
O mortal é o nosso amor e ternura,
o dia que passa miraculoso porque nunca regressa.
Eu que escuto os teus passos na erva
e tu que estás perto de mim,
talvez no crepúsculo cinzento
lembrar-se-ão eles quem agora sonha?
Entre os Versos
Entre os versos e a vida,
o dia abandonado e o papel abandonado,
dias em que vês que o amor não é apenas vento sobre erva:
este é o “dia da vida”
e talvez quebrado
e o dia vive e é parte do seu próprio lado negro
virado em direção a nada.
Sob as mesmas nuvens
Sombras misturam-se com sombras,
a erva com o seu cabelo,
morto jaz alguém, alguém que morreu
sob as mesmas nuvens.
Abre-se o dia
Abre-se o dia,
aves pairam sobre a água,
uma nuvem aproxima-se
e eu retomo o meu trabalho
de forma a que com duas palavras
ganhe uma de volta.
Bo Carpelan, The Cold Day (1961)