"À minha nação", Pier Paolo Pasolini


 

Pasolini na torre de chia.
Foto de Deborah beer

 


Nem povo árabe, nem povo balcânico, nem povo antigo,

mas nação viva, nação europeia:

que és tu? Terra de recém-nascidos, esfomeados, corruptos,

governantes empregados de latifundiários, prefeitos reaccionários,

advogadinhos besuntados com brilhantina e com pés sujos,

funcionários liberais, canalhas como os tios beatos,

uma caserna, um seminário, uma praia livre, uma confusão!

Milhões de pequeno-burgueses como milhões de porcos

pastam empurrando-se junto aos pequenos prédios ilesos,

entre casas coloniais degradadas já como igrejas

Precisamente por teres existido, já não existes,

precisamente por teres sido consciente, és inconsciente.

E só por seres católica, não podes pensar

que o teu mal é todo o mal: culpa de todos os males.

Afunda-te neste teu belo mar, liberta o mundo.



tradução: João Coles


“Alla mia nazione”, in La religione del mio tempo, Garzanti, Milano


ALLA MIA NAZIONE

Non popolo arabo, non popolo balcanico, non popolo antico,

ma nazione vivente, ma nazione europea:

e cosa sei? Terra di infanti, affamati, corrotti,

governanti impiegati di agrari, prefetti codini,

avvocatucci unti di brillantina e i piedi sporchi,

funzionari liberali carogne come gli zii bigotti,

una caserma, un seminario, una spiaggia libera, un casino!

Milioni di piccoli borghesi come milioni di porci

pascolano sospingendosi sotto gli illesi palazzotti,

tra case coloniali scrostate ormai come chiese.

Proprio perché tu sei esistita, ora non esisti,

proprio perché fosti cosciente, sei incosciente.

E solo perché sei cattolica, non puoi pensare

che il tuo male è tutto il male: colpa di ogni male.

Sprofonda in questo tuo bel mare, libera il mondo.

“Alla mia nazione”, in La religione del mio tempo, Garzanti, Milano

"Dante e os poetas contemporâneos" - entrevista a Pier Paolo Pasolini (1965)




Por ocasião dos 700 anos do nascimento de Dante, Pasolini aceita dar uma entrevista à rádio cuja transcrição permaneceu inédita até 1999, mais tarde publicada na edição Meridiani Mondadori em Saggi sulla letteratura e sull'arte.

Pasolini é submetido a um questionário de 11 perguntas:


1. A era de Dante apresenta as características de uma grande civilização que atingiu o seu auge e se vira, já, para o declínio, ou – se preferirmos – em vias de transformação para uma nova civilização que dali a pouco tempo se configuraria e se definiria por humanismo. Alguns dos aspectos da época em que vivemos – crise da cultura “burguesa” no sentido tradicional, e o delineamento de um novo humanismo – parecem indicar que um fenómeno semelhante se está a produzir no nosso século. Qual é a sua opinião acerca disto? Dirigimos-lhe esta e as seguintes perguntas apelando, naturalmente, à sua pessoal e viva experiência de poeta.

Parece-me uma pergunta demasiado “adequada” às circunstâncias contingentes das celebrações, e, por isso, pouco científica. Só nas histórias da literatura idealistas e românticas nos deparamos com semelhantes figuras de poetas que se agigantam entre uma época e outra, numa toponomia absurda onde uma Câmara está ao lado de uma Senhoria, uma Senhoria a um Estado, etc., etc., tal como num brasão popular. Dante não pairava fora da história, nestas prefigurações maníloquas de história futura: ele estava dentro da sua Florença e da sua Itália apenínica, e é ali dentro que o amamos. A partir do momento que o extraímos dali, torna-se num poeta oficial, ou, melhor, e digo-o com horror, num símbolo nacional, ou num símbolo universal: dois símbolos falsos e feios, ambos. Como se sabe, Dante teve uma grande ideia, a de usar a língua vulgar, mas também teve outra grande ideia, a de usar as várias línguas das quais essa língua e todas as línguas são compostas. O que demonstra a substancial democraticidade de Dante em pleno século XIV: se é que ele não usa o vulgar como possível língua institucional e literária para se opor em bloco ao latim, para o substituir na mesma função universal e meta-histórica. Se for articulado nas suas várias sub-línguas ou línguas sociais – da língua da aristocracia à língua dos malfeitores, do jargão literário à língua familiar, etc., etc. –, significa que a função do vulgar reflectia um momento real da sociedade. Mesmo sem recorrer ao determinismo de uma dada estética marxista dos anos 50, e remetendo-nos à revisão realizada sob o determinismo de Goldmann, é claro que a poesia de Dante tem estruturas homólogas às da sociedade municipal florentina: e as várias sub-línguagens encontram o seu princípio numa experiência de lutas sindicais, que opunham dramaticamente categoria social contra categoria social. Neste sentido, não me parece que Dante prefigure de forma alguma o humanismo iminente, e que, aliás, não prefigure de forma alguma nenhum momento da Itália futura: se ele porventura prefigurou algum momento ideal da evolução democrática das burguesias europeias, saltando todo o humanismo, foi o renascimento e a contra-reforma em Itália.


2. A atitude que Dante, homem e poeta, assume em relação aos problemas suscitados pela realidade imanente e transcendente do seu tempo, pode reflectir-se na posição que o escritor de hoje – enquanto homem e poeta – assume em relação aos problemas da nossa época? Sem dúvida que em Dante o compromisso do homem e o compromisso do poeta coincidem. Considera que para os poetas de hoje é possível uma semelhante coincidência?

3. Directamente relacionada com a pergunta anterior: e o resumo do real na sua totalidade (moral, filosofia, teologia, história, política, ciência), que faz do poema de Dante um documento talvez único na história universal da poesia, pode ser, hoje, repetido?

4. Particularmente na Divina Comédia, Dante tentou e efectuou a conciliação entre poesia e ciência. Hoje, numa situação bem mais dramática neste aspecto, considera possível esta conciliação para os poetas actuais, e que a mesma é indispensável e essencial àquilo que deve ser a poesia e à função que deve desempenhar: noutras palavras, à sua existência e à própria sobrevivência?

5. Dante acredita na palavra, que nasce nele através do mesmo acto de fé que o dirige a Deus, que também é palavra, através da qual a [palavra] humana atinge a sua verdade e a sua substância. O poeta de hoje, segundo se diz, duvida também da palavra, tal como de tudo. E, no entanto, agarra-se a ela, para fazer dela espelho do seu desespero, mas também como um acto extremo de fé. Não lhe parece que esta posição se aproxima, de certa forma, da concepção que Dante tem da função da poesia?

Também as perguntas 2, 3, 4 e 5 – peço desculpa, mas parecem-me perguntas radiofónicas, às quais uma pessoa pode responder sim ou não indiferentemente, dependendo do humor.


6. No panorama da poesia do século XX, existem algumas figuras representativas nas quais a presença de Dante é claramente perceptível, embora de forma e em certa medida diferentes. Basta apontar para Ezra Pound, Thomas Stearns Eliot, Saint-John Perse. Considera-os casos isolados, ou sintomas de um renascimento dantesco?

Disse, ao responder à primeira pergunta, que Dante prefigura, quando muito, em vez do humanismo italiano, etc., alguns momentos da evolução democrática burguesa na Europa do século XVI em diante. Pois bem, eu pensei em tudo excepto nos nomes referidos nesta pergunta. O uso que Pound ou Perse fizeram de Dante foi um uso arbitrário e estético, alinhado, tal como sucede com os poetas chineses... Há uma espécie de processo degenerativo da cultura europeia do século XIX graças ao qual os textos da história literária são postos fora de contexto histórico, colocados numa plataforma meta-histórica que deturpa os seus significados. Tal plataforma é o laboratório do poeta (o laboratório, entenda-se, é um lugar extremamente poético), e aí os significados de uma obra estão sujeitos a violências deveras sádicas. Dante em Pound é exactamente como um judeu nas mãos de Hitler.


7. Especificamente no campo linguístico, técnico e expressivo, considera que a lição de Dante conserva a sua validade e, portanto, a sua actualidade? Pessoalmente, nas suas experiências concretas na página, retirou alguma vantagem da convivência com a poesia de Dante?

10. Em Dante recai o mérito de ter criado a língua italiana. Mas na evolução desta, o contributo de Petrarca e de outros autores teve maior peso. Neste aspecto, parece-lhe que na poesia italiana do século XX, particularmente a do pós-guerra, a presença de Dante seja menos evidente que a de Petrarca? E, caso a resposta seja afirmativa, quais são, na sua opinião, as razões?

11. Hoje podemos avaliar, em toda a sua dimensão, a revolução linguística de Dante, aplicada, sobretudo, na Divina Comédia. Partindo de tais considerações, e traduzindo os conceitos em termos modernos, considera arrojado falar, a propósito de Dante, de experimentalismo linguístico?

(7, e em parte, 10 e 11) Houve nos anos 50, no seio de um grupo de especialistas muito empenhados nisto, com base num famoso ensaio de Contini, uma espécie de assunção de Dante a símbolo. O seu multilinguismo, as suas técnicas poéticas e narrativas, eram formas de um realismo que se opunha, uma vez mais, à Literatura. Pelo que eu, da forma como trabalhava naqueles anos, pensava em Dante como uma espécie de guia, cuja lição, menosprezada ou mistificada ao longo dos séculos, havia recomeçado a actuar na Resistência. Agora, essa ideia de realismo dos anos 50 parece, e está, superada: e com ela esmorece a interpretação dantesca da «pouca companha» [1] que dizia eu.

8. Repreende-se os poetas de hoje pela tendência a recolher e colocar em evidência os aspectos negativos do nosso tempo (que são, sem dúvida, predominantes) em vez dos positivos (que são poucos, mas existem); tendo em consideração a ideia de crise como factor determinante, que confere a priori validade à inspiração, aos temas abordados, às soluções formais. Considera, pelo menos parcialmente, fundamentadas essas evidências? E, caso a resposta seja afirmativa, pensa que Dante, com o equilíbrio entre a participação na realidade histórica do seu tempo e a afirmação da sua pessoa e dos valores da sua fé, consegue encarreirar os poetas de hoje para uma visão mais clara dos problemas da nossa época e das dificuldades expressivas que estes comportam?

Prefiro o Lager de Pound a este tipo de função do poeta que a oitava pergunta implica, em nome do bom senso e da opinião média e, por isso, oficial. Dante passou uma vida atormentadora em exílio por ter dito não a pretensões semelhantes do establisment, facilmente antedatáveis no seu tempo.


9. Mais especificamente, considera possível, hoje, a recuperação dos valores em que Dante acreditava, ou, pelo menos, de valores equivalentes? Ou pensa que o percurso da história nos encaminha para a aquisição de valores totalmente diferentes, como alternativa? E quais seriam, na sua opinião, estes novos valores?

«Mais especificamente», creio que a recuperação dos valores em que Dante acreditava não é possível, sempre graças ao caminho anti-dantesco que a Itália tomou, até chegar à contra-reforma e à actual burguesia, profundamente inimiga de qualquer tipo de realismo, mesmo o religioso. Recuperar esses valores através da elaboração das grandes burguesias europeias que perpetuaram, de algum modo, o espírito municipal, é igualmente impossível, porque os valores do neocapitalismo não são religiosos, nem equivalentes, a não ser num sentido aberrante, aos religiosos. É claro que por trás de cada técnico se esconde um místico: porém, que místico?

[1]. Versos 100-102 do Canto XXVI da Divina Comédia.

Fragmentos de "Quase um testamento", de Pier Paolo Pasolini

Foto do manifesto pelos dez anos da morte de PPP - Mario Schifano, "Pier Paolo Pasolini, una vita futura", técnica mista, Roma 1985.

Foto do manifesto pelos dez anos da morte de PPP - Mario Schifano, "Pier Paolo Pasolini, una vita futura", técnica mista, Roma 1985.

Tradução: João Coles

TEATRO E CINEMA

Há (e haverá sempre) biltres que fazem cinema e teatro comercial com o objectivo de divertir (para lucrar), e há (e haverá sempre) imbecis que fazem cinema e teatro para educar (sem lucrar). Na realidade, o cinema e o teatro de autor não foram feitos nem para divertir nem para educar.

O BEM E O MAL NA ARTE

A arte é uma concepção: é um sistema estilístico dentro de um sistema linguístico. É uma mensagem dentro de um código. Isto implica muitos compromissos. Claro que a forma mais pura de arte é o silêncio total dos poetas que não escrevem.

SOFRIMENTO E ARTE

Tanto quanto sei, não diria que sofrer seja necessário (porque tal maneira enunciaria uma regra e, portanto, faria uma retórica tranquilizadora), mas que é inevitável.

O GÉNIO

Nascemos génios, ou criamo-nos? Antes de mais, nascemos homens. Depois, nos primeiros anos da infância, apanham-se valentes sustos ou experimentam-se valentes ternuras que toda a vida é determinada por isto. Um génio (odeio esta palavra) é determinado pelos sustos ou pelas ternuras (ambas extremas) que uma criança sofreu. «Criar» génio consiste num manobrar (incansável, oculto, inconsciente, possesso, irrefreável) para recrear as ternuras infantis ou para criar barreiras contra os sustos infantis.

LIBERDADE SEXUAL

Se a liberdade sexual é necessária para a criação? Sim. Não. Ou talvez sim. Não, não, claro que não. Mas... sim. Não, é melhor não. Ou sim? Ah, incontinência maravilhosa! (Ah, maravilhosa castidade.)

GOLPE DE ESTADO

Seja o golpe de Estado italiano de 1964, seja o golpe de Estado levado a cabo na Grécia, foram acontecimentos que sucederam no âmbito da Nato. Em Itália levantou-se um processo contra os jornalistas do “Espresso”, que denunciaram à opinião pública alguns dos responsáveis pela tentativa de golpe de Estado. O inquérito parlamentar foi, porém, travado pelo partido católico (democrata-cristão) com o apoio dos socialistas. Evidentemente, não há vontade de determinar as responsabilidades internacionais.

Nós, intelectuais (nesta vicissitude muito grave), brilhamos pela nossa ausência. É verdade, ao jantar, nos salões, dizemos poucas e boas contra a classe política dirigente, contra a burguesia italiana que a exprime, e, em geral, contra este pequeno, marginal, provinciano, qualunquistico, miserável País que é a Itália. Mas e nós? O que fazemos? Somos, por acaso, melhores? O que é que nos faz ser ausentes e mudos? O medo? A prudência? A desconfiança? A preguiça? A ignorância? Sim, isto tudo.

Pier Paolo Pasolini, Quasi un testamento, com Peter Dragadze

"Ex-vida", de Pier Paolo Pasolini

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Tradução: João Coles

No meio de um ténue fedor de matadouro
vejo a imagem do meu corpo:
seminu, ignorado, quase morto.
Assim me queria crucificado,
num clarão de delicado pavor,
quando era criança, já autómata do meu amor.
Mas por trás desta névoa de medula
(há quantos anos ou séculos aqui imóvel?)
ó Indivíduo, ó Sósia, descobres que és
feito de mim, do meu calor, e hostil
a uma morte anterior à minha.

Eu venho até ti depois de uma viagem inebriante.
Toquei, em dias de plena luz, as paredes
enegrecidas e a relva húmida de Casarsa.
Com um gesto negligente de guerreiro
ofereci o corpo nu ao tempo fresco
antiquíssimo, lânguido, de Meschio,
de Livenza, do Po... Brinquei na orla
de uma grande planície, nos seus prados
tórridos, sob céus intermináveis,
nas casas rejubiladas no seio de um leque
de mil cheiros afectuosos, subtis.

Entro no teu círculo, amargo, fresco
como minha mãe à tarde ao passar
o limiar da porta, emperlada de erva seca,
e trago comigo um vento de paisagens,
uma soberba leveza, uma cândida
coragem de forasteiro. E tu não exalas
senão silêncio. Ó desconhecido que foras tudo:
o rapaz perdido em casa,
o jovem burguês que acalentava
os falsos amores no seu amado coração,
agora és nada, O NADA, o puro erro.

E assim, ó esfomeado, ó desejo obscuro,
com um olhar de eras pré-humanas,
exprimes a tua vida de maníaco.
A tua mania é a vida do mundo.
De mim só pretendes que corresponda
ao teu louco esforço de te anulares,
ignoras todas as atracções do meu século,
todos os feriados, todas as paixões aprendidas
nos anos de uma vida abrasada de si mesma:
não te interessa saber que, no tempo, a eternidade
se oferece a festas quase eternas.

Ignoras também jogos ainda mais vitais:
confessar os desejos masculinos,
o amor pela minha mãe, que TU amaste,
a luz estagnada nas profundezas da noite
da infância...(Ó derradeiro candor
deste meu exibir! E tu ignora-lo.)
Amei somente quem tu odiavas.
Eternizei a minha sombra de jovem
para dela lamentar, ávido, os afectos
cheios de esperança, os ardores de lírio,
que inflamavam a minha carne de filho.

Por ti, num deserto de serenidade,
desonro o pobre segredo
do meu sexo, e, despreocupado, confesso-o.
Não sei por que milagre, sossegado
e enfim honesto, invoco das minhas neuroses
céus puros, lugares inodoros,
onde – como Matéria ou Morte – morres.
Sim, muitas vezes estás morto, e o rapaz
volta alegremente ao ventre, e o mitómano
à branda forma pleno de entusiasmo,
quando apenas a vida lhe resta.

Mas tu, nos confins do tempo, aqui me esperas,
dentro de mim, onde o ventre e os músculos
se contaminam de um fedor ameno de musgo
ou de excrementos; e enquanto uma escuridão nua
de vão de escada ou de bivaque
se adensa, vejo-te, múmia, autómato,
e vês-me a mim. Ó nostalgia mortal
para quem nunca te conheceu, e que ignorando,
ó puro Ser Vivo, as tuas angústias de orangotango,
perdia-se no próprio jucundo destino,
coração desconhecido num mundo desconhecido.

"Fim da tempestade", Pier Paolo Pasolini

 
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Tradução: João Coles

Tomba a árvore ao vento,
as casas voltaram
aos seus lugares, após longa
viagem, e sonham de olhos abertos.
Mesta a alma se encaminha
para os sonhos; vago fica
o quarto: estou longe.

In I confini (1941-1942). Agora in Tutte le Poesie II, Meridiani Mondadori, 2003


FINE DI TEMPESTA

Crolla l'albero al vento,
son ritornate ai loro
luoghi le case, dopo lungo
viaggio, e trasognano.
Mesta s'avvia l'anima
ai sogni; sgombra resta
la stanza: sono lontano.


In I confini (1941-1942). Ora in Tutte le Poesie II, Meridiani Mondadori, 2003